O verão até pode teimar em dar o ar da sua graça, mas os dias mais pequenos, a frescura que se começa a sentir e o regresso às rotinas familiares, profissionais e escolares fazem-nos lembrar que é tempo de acalmar e até de fazer novos planos ou então redefinir os planos já existentes.

 

Definitivamente, esta altura do ano convoca-nos à reflexão e à introspeção. Ou deveria convocar.

 

Com o início das aulas, as crianças e os jovens regressam à escola, reveem e “matam saudades” dos amigos e colegas com sorrisos rasgados. Desdobram-se em conversas animadas contando, entusiasmados, como foram as suas longas férias de verão.

 

Para os outros, que partem para novas experiências, com as expetativas ao rubro e ávidos por descobrir um mundo novo, é tempo de despedidas mais prolongadas, mas temporárias.

 

Reencontram ou são apresentados a novos professores. São-lhes apresentados novos conteúdo programáticos, com os quais terão que trabalhar e estudar.

 

É, por isso, uma época do ano para a qual as crianças e os jovens devem assentar, definir objetivos, métodos de trabalho e de estudo para o novo ano escolar que ainda agora começou.

 

É, também, um “tempo” de se focarem nos seus sonhos e aspirações pessoais. Desafiando-se diariamente e fisgando o futuro com confiança e sem medo dos percalços que possam surgir ou das opiniões alheias. Em que aquela pergunta sobejamente conhecida ”O que é que eu quero ser quando for grande?” se encaixa na perfeição do momento.

 

E aos pais?

 

Aos pais compete-lhes também parar para refletir. Pensar e prepararem-se para uma nova caminhada que se inicia.

 

Desenganem-se se acham que são só as crianças e os jovens que vão para a escola!

 

Sim, é verdade que são as crianças e os jovens que vão para a escola de mochila às costas, se sentam na sala de aula e escutam o que os docentes têm para lhes dizer. E têm, também, a responsabilidade de desempenhar bem o seu papel enquanto alunos, absorvendo os conteúdos que lhes são transmitidos para, depois, porem em prática essas mesmas aprendizagens.

 

Esta jornada faz-se caminhando juntos, pais e filhos.

 

Aos pais cabe-lhes a tarefa mais difícil. Já não aprendem na escola dita “oficial”, mas na escola da vida. Dos ganhos e das perdas, dos erros que se sucedem, das dúvidas e inseguranças, das frustrações e das pequenas vitórias do dia-a-dia.

 

Os pais aprendem da experiência de serem pais. Do dever da responsabilidade. De assumirem o comando na educação dos filhos, de acompanhar e interessarem-se pelas atividades dos seus educandos, de dar o exemplo, de se fazerem ouvir, de orientar, de exigir, num jogo de equilíbrio diário com a escuta, o afeto e o amor. Porque, na realidade, é isso que eles precisam e anseiam receber dos pais.

 

Mais uma vez não se deixem iludir: educar e ensinar a crescer é mesmo uma tarefa árdua e difícil! É um compromisso que requer muita introspeção e é um tributo à persistência e paciência de quem os educa.

 

Mas que, no final, compensa vê-los sonhar e construírem planos para o futuro.

 

Mónica Pereira

 

Socióloga - Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências 

 

In “JM-Madeira”