Garantir a sustentabilidade do sistema mas sempre sem colocar em causa a equidade dos tratamentos é o desafio que as sociedades enfrentam.

 

"A Madeira gasta mais do que os 75 milhões. Gastamos, só nesta legislatura 125 milhões de euros", conforme constatação de Pedro Ramos, que ontem esteve na reunião 'Medicamentos, Inovação, Valor e Sustentabilidade', na Reitoria da UMa.

 

Reunidos para debater a temática, estiveram diretores clínicos, responsáveis pelo SESARAM e representantes das mais diversas ordens estabelecidas na Região.

 

O secretário regional da Saúde considera que aquele valor é “um investimento, dado que a Saúde das pessoas não tem preço”. De entre o valor investido, uma grande fatia está relacionada com doentes oncológicos. “Há situações em que um doente pode necessitar de medicamentos na ordem do meio milhão de euros num ano”, frisou.

 

Pedro Ramos não nega que a fatura dos medicamentos "tem um aspeto muito grande nas contas da Região", reconhecendo que "ainda não conseguimos encontrar a verdadeira solução para o medicamento. E esse é o grande desafio para qualquer sistema de saúde, seja regional, nacional, europeu ou mundial". Por via disso, este terá de ser um debate contínuo, pelo que "estamos a discutir a sustentabilidade nos sistemas de saúde e, para além da organização, planificação, cuidados primários e cuidados hospitalares, a sustentabilidade em relação à política do medicamento é uma questão extremamente importante”.

 

Considera que "os modelos de financiamento da saúde nos próximos tempos têm de ser baseados nos resultados", assegurando que "continuaremos a investir naquilo que traz bons resultados e o que não trouxer bons resultados, nós não vamos investir", salvaguardando a equidade.

 

Garantir a equidade

 

"Estamos a discutir esta inovação terapêutica, que traz vantagens para alguns doentes, nas suas doenças e em novas fases das suas doenças, mas temos que ver se a equidade dos sistemas está de facto prejudicada", disse mais à frente.

 

Exemplificando, "até posso ter 100 milhões para tratar 100 mil doentes e não ter outros 100 milhões para tratar os outros nove milhões. E é isso que temos de ver, sendo que os financiamentos para o futuro têm que ser feitos cada vez mais com base nos melhores resultados". E regozija-se porque "a própria indústria farmacêutica está a evoluir. E dou como exemplo o caso da hepatite C. Foi um problema em Portugal há cerca de cinco anos atrás, porque havia apenas uma indústria farmacêutica que era responsável pela sua comercialização. Hoje, isso já não é verdade, já existem vários medicamentos e naturalmente os preços acabam por baixar".

 

 

 

In “JM-Madeira”