Até aos oito meses, a estrutura esqueléticados pés aindase encontraem fase de desenvolvimento, o que significa que qualquer pressão anormal pode provocar deformidades.

 “De pequenino é que se torce o pepino”. Esta é uma expressão popular bastante utilizada no nosso dia a dia, e o seu significado encaixa na perfeição numa das mensagens que os profissionais de Podologia se esforçam para deixar à população em geral: todos nós devemos adotar uma postura preventiva em relação à saúde dos nossos pés desde tenra idade, pois vários problemas que afetam negativamente os nossos pés e postura acabam por surgir na infância e adolescência, agravando-se com o passar dos anos.

Desta forma, enquanto pais ou tutores devemos assegurar que a nossa criança não apresenta sinais anormais ao seu correto crescimento, ou que tomamos as medidas certas para evitar possíveis problemas.

Os primeiros três anos de vida da criança constituem o período em que se estabelece a forma básica dos pés, e é inclusive quando podem surgir as primeiras alterações nos pés, causadas por vários fatores: hereditariedade, posição de sono do bebé no berço, ou até durante a gravidez devido à posição fetal. Nesta fase inicial, deve existir uma grande preocupação com as extremidades do pé do recém-nascido, uma vez que são zonas corporais onde se perde mais calor, bem como com a temperatura dos membros inferiores, aconchegando-os sempre do frio com a colocação de meias e sapatos.

Até aos oito meses, a estrutura esquelética dos pés ainda se encontra em fase de desenvolvimento, o que significa que qualquer pressão anormal pode provocar deformidades. Neste período em que os pés são macios e flexíveis, e que a criança assume alguns comportamentos, como sentar-se em cima das pernas com os pés para fora, ou começar a andar em bicos de pés, é possível evidenciar a existência (ou não) de alguns problemas caraterísticos, como o pé plano ou o caminhar com os pés para dentro.

Na idade pré-escolar e escolar, é importante que seja realizado um diagnóstico e tratamento adequados ao crescimento e maturação física da criança, visando sempre a prevenção da evolução de problemas estruturais, bem como sequelas na idade adulta. É crucial que nesta fase os pais estejam conscientes acerca dos aspetos saudáveis relativamente ao conceito de calçado adequado para cada altura do crescimento dos seus filhos. A utilização de calçado inadequado pode resultar em diversos problemas, desde reações cutâneas a alterações estruturais, comprometendo a forma e a funcionalidade do pé.

Entre as alterações do membro inferior que possam surgir na idade pediátrica estão as alterações do caminhar, as sequelas de Luxação Congénita da Anca, as doenças específicas do crescimento, como osteocondrites, repercussões das alterações dos joelhos, dismetrias e alterações do pé.

Para evitar estes problemas, é essencial seguir os conselhos abaixo descritos:

• Não obrigue a criança a caminhar sem que ela esteja realmente preparada para o fazer;

• A criança deve gatinhar;

• O corte das unhas deve ser feito quando a criança estiver a dormir, e de forma reta;

• Ao escolher o calçado do seu filho, deve ter em conta caraterísticas como o contraforte rígido, a sola em couro, os cordões, e este deverá ser em pele e fechado (evite comprar chinelos);

• A maioria dos “aparentes” defeitos dos pés durante o primeiro ano são naturais e devem normalizar no decorrer dos anos;

• Se aos três anos de idade continuar a manifestar alterações (dor nos pés, quedas frequentes, alterações na estrutura dos dedos, etc.) deve consultar um Podologista.

A Podopediatria, também conhecida como Podologia Infantil, é a área da podologia responsável pelo estudo das alterações e doenças do pé da criança, desde a infância até à adolescência.

FÁTIMA CARVALHO -Podologista

In “JM-Madeira”