Doenças respiratórias são a terceira causa de morte na Região

“Os números são preocupantes.” As palavras são de Ana Nunes, presidente do Conselho de Administração do IASAÚDE, e referem-se à mortalidade devido a doenças respiratórias, na Região.

 

A médica falava na abertura das I Jornadas de Patologia Respiratória e Imunoalergologia para Medicina Familiar, que decorrem, ontem e hoje, no Hotel Vidamar Madeira.

Ana Nunes considerou, por isso, “da maior relevância”, para a Região, as questões em torno das patologias a abordar no encontro. “Na última revisão dos indicadores do Plano Regional da Saúde, a prevalência das doenças respiratórias aumentou estando entre as principais causas de morte na RAM. Os números são preocupantes. Muitas vezes subvalorizados pela população, os sintomas das doenças respiratórias são muito frequentes, sendo responsáveis por uma elevada morbilidade, com consequências na qualidade de vida dos doentes e repercussões sócio-económicas importantes.”

A presidente do IASAÚDE, que falava em representação do secretário da Saúde, disse que o combate às patologias respiratórias “requer uma abordagem estratégica regional, baseada numa estrutura dinâmica, com enfoque de coordenação regional e garantida descentralização local. Esta estratégia regional tem de assentar nos cuidados de saúde primários. A prevenção, o controlo dos fatores de risco e o diagnóstico precoce são a nossa melhor arma para a redução dos números de pessoas afetadas por estas patologias.”

Rastreio a grupo de risco de doenças pulmonares

Ana Nunes anunciou uma medida, a implementar a curto prazo nos Centros de Saúde da Região, que visa exatamente o tal diagnóstico precoce.

Em breve, começarão a ser feitas estirometrias (exames aos pulmões, que permitem a medição dos fluxos de ar). As pessoas a submeter aos exames serão as sinalizadas pelos médicos de família por integrarem grupos de risco.

Mas há mais. “O controlo dos fatores de risco para as doenças respiratórias, designadamente a qualidade do ar exterior e interior, em particular o tabagismo, a monitorização a nível dos cuidados de saúde primários do grau de adesão às normas de orientação clínica para a asma e para a doença pulmonar obstrutiva crónica, com redução de internamentos, serão outra das medidas decisivas.”

Reorganização de Cuidados Primários

Ana Nunes defendeu que “a melhoria dos indicadores de saúde das populações parte da reorientação dos sistemas, com foco nos cuidados de saúde primários”, e que, sem estes, não pode haver uma estratégia de sucesso nas patologias referidas. “Quanto melhor organizados e eficazes forem os cuidados de saúde primários, mais facilitados estarão os cuidados de saúde hospitalares, com mais benefícios para a saúde das populações.”

“As estruturas de gestão e decisão estão mais próximas da população. Com este novo modelo organizativo, desta forma, conhecerão melhor as suas especificidades e necessidades em saúde. Esta aproximação permitirá adequar as estratégias de promoção de saúde e prevenção da doença, a cada área geográfica de intervenção e, assim, assegurar melhor acesso dos doentes aos cuidados de saúde de que necessitam e uma melhor cobertura dos médicos de família.”

As doenças respiratórias são a terceira causa de morte na Região, logo atrás das do foro circulatório e dos tumores.

Dados de 2012, do relatório ‘Portugal - Doenças Respiratórias em Números’, apontavam para uma taxa de mortalidade entre 115 a 120 mortos por 100 mil habitantes na Região. Perto de 300 mortos por ano.

Élvio Passos

 

Fonte: Diário de Notícias