Descrição da doença

A Chikungunya é uma doença viral, causada por um flavivírus da família Togaviridae, género Alphavirus, transmitida aos vertebrados por mosquitos do género Aedes. A palavra ‘chikungunya’ significa 'que se dobra', uma alusão à postura dos pacientes em sofrimento. A forma clínica mais comum associa febre, exantema e artralgia. Geralmente verifica-se uma total recuperação, mas não é raro acontecerem casos de artrite crónica. Os testes de diagnóstico estão disponíveis mas não há nenhum medicamento antiviral ou vacina licenciada. A doença é de notificação obrigatória na UE.

Em 2005-2006, um genótipo africano foi introduzido na Ásia. Ocorreram surtos no Quénia, Cômoros, Reunião, Madagáscar e Índia. Verificaram-se casos importados na Ásia, Austrália, EUA, Canadá e Europa continental (Itália, Espanha, Córsega, França, Reino Unido, Suíça, Bélgica, República Checa, Alemanha e Noruega). Em 2009, ocorreram surtos em Itália e no Sudeste Asiático e, em 2010, registaram-se casos autóctones em França. O risco da chikungunya se propagar na UE é elevado devido à importação por viagem, presença de vetores competentes em muitos países (sobretudo na Costa do Mediterrânio, de Espanha à Grécia) e população suscetível.

O vírus foi identificado pela primeira vez na Tanzânia em 1953.

Existem três genótipos virais diferentes do vírus da chikungunya, que refletiam a distribuição geográfica (África Ocidental, África Central-Oriental-Sul e Ásia) até ter ocorrido a dispersão do serotipo da África Oriental para a Ásia em 2006.

O vírus chikungunya é endémico de África, do Sudeste Asiático e do subcontinente Indiano. O vírus foi identificado na África Subsaariana, Índia, Sri Lanka, Sudeste Asiático e, mais recentemente, nas ilhas do Oceano Índico. O vírus foi subsequentemente isolado na Europa e nos Estados Unidos onde se julga ter sido importado por viajantes infetados que regressaram de zonas com elevadas taxas de incidência. Mas, em 2007, o vírus provocou o primeiro surto na Europa continental (nordeste de Itália) e foi detetada transmissão autóctone em França, no ano de 2010.

Os humanos são a principal fonte, ou reservatório, do vírus chikungunya. Contudo, em África os hospedeiros naturais do vírus são primatas selvagens picados por mosquitos do género Aedes que vivem na floresta, e o ciclo silvático inclui também outros pequenos mamíferos e morcegos. Não há evidências de um ciclo de transmissão semelhante na Ásia mas o vírus foi recentemente isolado em macacos na Malásia.

Uma alteração num aminoácido (A226V) na glicoproteína E1 do CHIKV foi associada a um ganho na adaptação da disseminação por mosquitos Ae. albopictus. Outras mutações nas glicoproteínas E1 e E2 também modificam a infetividade do mosquito.

Caraterísticas clínicas e sequelas

Registam-se infeções assintomáticas em 10 a 15% dos casos.

A doença carateriza-se por febre de início súbito, arrepios, dor de cabeça, náuseas, fotofobia, vómitos, dores nas articulações incapacitantes e exantema petequial ou maculopapular.

A fase aguda dura cerca de 10 dias. O sinal clínico típico da doença é artralgia mas também foram descritas manifestações neurológicas, hemorrágicas e oculares.

Na fase crónica da doença, 30 a 40% dos infetados experimenta dores recorrentes nas articulações. Podem durar anos em alguns casos.

Nos mais idosos, a artralgia pode evoluir para uma síndrome crónica de artrite reumatoide. A meningoencefalite é também uma sequela importante e afeta sobretudo os neonatos.

Apesar de ser considerada uma doença não fatal, já ocorreram mortes em parte atribuídas ao vírus. Durante o surto de 2005-2006 em La Réunion a taxa de mortalidade geral associada à infeção por vírus da chikungunya foi 0,3/1000 indivíduos e aumentou fortemente com a idade.

Transmissão

O período de incubação da infeção no homem vai de 1 a 12 dias, com uma média de 3 a 7 dias.

Nos humanos, a carga viral no sangue pode ser muito elevada no início da doença e durar 5 a 6 dias (até 10 dias), permitindo aos mosquitos alimentarem-se e disseminarem o vírus.

A chikungunya é propagada pela picada de mosquitos do género Aedes, sobretudo Aedes aegypti e Aedes albopictus, que são ativos durante o dia. Quando um indivíduo recupera de uma infeção por chikungunya, pode considerar-se imunizado contra infeções subsequentes.

Já foi reportada transmissão da mãe para o bebé em mulheres que desenvolveram a doença na última semana antes do parto. Há relatos raros de abortos espontâneos após infeção materna pelo vírus da chikungunya. Não há provas que haja transmissão do vírus através do leite materno.

Epidemiologia

Durante os últimos 50 anos foram documentadas várias reemergências de chikungunya em África e na Ásia, com intervalos irregulares de 2 a 20 anos entre surtos.

Em 2004, a chikungunya reemergiu no Quénia. A doença propagou-se para Comoros, outras ilhas do Oceano Índico e Índia.

Em La Reunion estima-se que tenham ocorrido 244.000 casos de infeção pelo vírus chikungunya e 203 mortes, entre abril de 2005 e abril de 2006.

  • No continente europeu, o primeiro surto autóctone ocorreu em Itália em 2007 (217 casos confirmados). Este foi o primeiro surto registado numa região não tropical onde estava presente um vetor competente. Em 2010 foram registados dois casos autóctones relacionados com casos importados em França.
  • Em 2014 identificou-se a febre de chikungunya em mais de 40 países.
  • Após os surtos de chikungunya no Oceano Índico em 2005–2006 e em Itália em 2007, o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) avaliou o risco para a saúde humana na Europa relacionado com o vírus, através de várias consultas com especialistas. Foram identificadas as zonas de risco para surtos de chikungunya, com base na atual (e suposta futura) distribuição do Aedes albopictus na Europa. Foi criada uma rede de vigilância de artrópodes vetores para a saúde pública humana para melhorar a vigilância de vetores competentes para as doenças infeciosas, incluindo a chikungunya. Em relação aos territórios ultramarinos, foram determinadas as necessidades para responder aos surtos de doenças de declaração obrigatória, incluindo a chikungunya.

Medidas de controlo da saúde pública

  • É importante reduzir o número de criadouros de mosquito tanto no exterior como no interior através do esvaziamento ou eliminação de fontes de água parada (por exemplo, pratos e jarras de flores, pneus usados, buracos nas árvores e rochas) e da cobertura eficaz dos contentores com água, tanques, poços, etc.
  • Não existe vacina ou fármacos profiláticos. Há vários projetos em curso para a criação de uma vacina.

Proteção pessoal e prevenção

  • Todos os indivíduos que não são imunes à chikungunya podem ser infetados com o vírus. A exposição a mosquitos infetados é o principal fator de risco.
  • Condições consideradas de risco para doença grave e co morbilidades são as últimas semanas de gestação, bebés muito jovens e idade avançada.
  • A prevenção da chikungunya, por enquanto, baseia-se na proteção contra a picada dos mosquitos.
  • Medidas de proteção pessoal para evitar a picada do mosquito durante o dia devem incluir:
    • aplicação de repelente para insetos nas zonas de pele exposta: o tipo e concentração dos repelentes escolhidos devem ter em conta a idade do indivíduo e a existência de gravidez;
    • utilização de roupas apropriadas (mangas compridas e calças);
    • utilização de rede mosquiteira (de preferência tratada com inseticida), recomendada sobretudo para pacientes em fase de virémia e para crianças);
    • Indivíduos infetados devem evitar ser picados por mosquitos durante os primeiros dias da doença para evitar futura disseminação do vírus.
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