O lúpus é uma doença auto imune, que atinge oito a dez vezes mais as mulheres (em relação aos homens) em idade fértil. Por este motivo, a Conferência Internacional ‘Madeira Lupus Clinic’ -- que se realizará entre os dias 21 e 23 de Junho, no Savoy Resorts, na Calheta -- reserva uma prelecção sobre a gravidez e o lúpus.

 

Para Jorge Martins, presidente da conferência, “é preciso acabar com uma série de tabus”. De acordo com o internista, a questão principal quando uma mulher com lupus quer engravidar é, desde logo, o período de anticonceção. “Uma gravidez no lupus é possível e desejável se for programada. E uma gravidez para ser programada, a pessoa tem de estar protegida, ou seja, tem de saber quais os métodos anticoncecionais que pode e deve usar, para que, depois de estabilizada a doença, então sim, possa engravidar. Caso contrário, numa situação de doença em actividade, poderão ser vários e gravíssimos os problemas para a mãe e para o feto”.

 

Assim, no momento da concepção, a mulher deve ter a doença estabilizada há seis meses, para garantir uma gravidez mais segura. Contudo, Jorge Martins afirma que “será sempre uma gravidez de risco, mas nestas condições, felizmente, a maioria dos casos são de sucesso e sem complicações para a mãe e sem complicações para o bebé.”

 

A partir de quinta-feira, o lúpus vai estar em debate na ilha da Madeira, numa conferência internacional destinada não só a profissionais de saúde, mas também aos doentes.

 

Para Jorge Martins o envolvimento dos doentes é fundamental, pois acredita que “quanto melhor informado o doente está, melhor tratado ele será, ou seja, quanto mais o doente souber da sua doença e daquilo que nós (médicos) estamos a tentar fazer para que ele melhore, melhor tratado ele ficará”.

 

O internista destaca assim um dos principais pontos deste evento, sublinhando que “é este envolvimento entre nós (médicos) e o doente que queremos criar, sendo esta a primeira parte do programa do Madeira Lupus Clinic”.

 

A conferência contará com oradores internacionais, entre os quais, Yehuda Shoenfeld, que regressa ao nosso país para falar sobre Lupus Eritematoso Sistémico no último dia do evento.

 

O programa conta ainda com um curso para jovens médicos de todas as especialidades sobre os sinais e sintomas de alerta que um médico deverá ter em conta para referenciar um doente com uma possível doença auto imune.

 

In “Diário de Notícias”